Ela estava sozinha sonhava sentada já há algum tempo, a janela estava entreaberta, alguns raios de sol perspassavam pela cortina, da janela se podia ver a rua, lá um trânsito constante, buzinas, pessoas passando com pressa...
Ela continuava lá dentro com olhar distante... Pensava, sonhava, delirava, tinha devaneios!
Estava acordada, podia ouvir o barulho dos carros e pessoas passando, mas preferia esperar ali do jeito que estava...
De repente se deu conta de que havia passado tempo demais... Ah quantas horas estava ali? Seriam horas, dias, seriam semanas? Foi quando se deu conta de que nem mesmo o telefone ou a campainha haviam tocado.
Quantas idéias súbitas despontaram diante de seus olhos! Será que era uma epifania?
Perdeu-se em pensamentos novamente, foi quando num estalo levantou-se da cadeira, e viu que horas eram, já era tarde estava atrasada, foi ao banheiro tomou um banho, colocou o vestido mais lindo que encontrara no armário, se perfumou pegou a bolsa, as chaves do carro a bolsa, saiu.
Ao entrar no carro se perguntou para onde iria...
-Ah não importa, vou mesmo assim!
Ligou o rádio abriu as janelas, queria sentir o vento em seu rosto, saber que estava viva, queria sentir frio, sentir calor, queria sentir, independente do que fosse queria sentir-se viva outra vez... Afinal não era justo o que havia lhe acontecido, tinha que esquecer tudo, voltar a viver.
No rádio tocava uma canção da qual ela gostava muito e começou a cantar...
Não estou mais interessado no que sinto, não acredito em nada além do que duvido, você espera respostas que eu não tenho, mas não vou brigar por causa disso...
Sentiu uma vontade imensa de chorar e chorou. Foi por um caminho que não conhecia, porém acabou no lugar de sempre, lá encontrava-se diante daquele cenário, de tanto alegria, de tantos sonhos e que há algumas semanas havia lhe trazido tanto desespero, foi quando o viu partir de mãos dadas com alguém e se conformou... Mais uma vez se conformou, sentou e pensou na vida que poderia ter vivido, nos beijos que teria recebido, nos afagos ou discussões bobas, nas brigas e nas reconciliações, mas lembrou-se do quanto tinha sido covarde, do quanto foi boba por ter recusado o convite dele... E agora nada adiantava mais.
Foi embora, no caminho de casa parou em um bar, pediu uma vodka e decidiu que sua vida ia mudar, comprou um isqueiro acendeu seu cigarro... E voltou pra casa sentou em sua cadeira ao lado do telefone e continuou a sonhar...
Este blog começou devido há um desejo intenso de partilhar minha insatisfação com alguns acontecimentos cotidianos, porém espero não apenas trazer insatisfações mas partilhar também coisas boas, sonhos, quimeras e devaneios… afinal existem coisas ótimas a serem partilhadas como por exemplo estre trechinho da Clarice Lispector… que sempre define muito bem coisas sobre mim e sobre o que acredito…
‘Eu não tenho enredo. Sou aos poucos. Minha história é viver. E eu só sei viver as coisas quando já as vivi. Viver, é mesmo uma idéia. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Às vezes quero mesmo é uma verdade inventada como dizia o poeta ‘Mentiras Sinceras me interessam’. Não me digam como devo ser, gosto do jeito que sou!
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Às vezes nem eu mesma me entendo.
No entanto, sou única, não há ninguém igual a mim no mundo. Esta é a única garantia que dou.’