As vezes penso, devo ter prudência na hora de expor minhas inquietações? Ou talvez não, simplesmente posso dizer o que penso sem medo de ofender a terceiros que possivelmente se sintam incomodados?
Infelizmente vivemos numa sociedade onde ser reconhecido pelo seu trabalho é um problema, quando o reconhecimento vem em forma de bônus então parece que estamos cometendo um pecado mortal, usurpando algo que não nos pertence, triste viver em um mundo assim onde o sucesso do colega gera intrigas, culpa da meritocracia ou do que ela representa na cabeça de alguns desavisados que quase a confundem com nepotismo ou sei lá, qualquer outra coisa 'nefasta'.
Contudo, este problema não deve ser inteiramente ligado a questões de caráter visto que, vivemos em em uma sociedade que se pensada a partir dos pressupostos de François Dubet “escolheram o mérito como um princípio de justiça, isto é, a escola é justa na medida em que permite que cada aluno obtenha sucesso a partir de seu trabalho e de suas qualidades.”
Neste sentido, podemos adaptar as diferentes esferas da sociedade saindo da âmbito escolar, perpassando pelo mundo acadêmico e até mesmo no mundo do trabalho, porém o problema central é a suposição de que exista uma igualdade de oportunidade para todos. Embora existam vários problemas nesta forma de pensar a questão, devemos segundo François Dubet pensar na meritocracia como “único sistema capaz de criar desigualdades justas, ou seja, desigualdades legítimas, construídas pelas diferenças de escolhas e competências entre as pessoas – baseia-se na capacidade e interesse individual. Estou partindo do pressuposto liberal de que cada um tem o direto inalienável à sua individualidade, à sua liberdade.”
Bom assim vou divagando mais uma vez pelos problemas do cotidiano, misturando-os com teorias sociológicas a fim de justificar minhas indignações e insatisfações, e assim vivendo um dia de cada vez.