sexta-feira, 5 de julho de 2013

A única companhia que lhe basta...

Às vezes, via sua vida! Como num cinema mudo, sem a percepção de que realizaria ou sonharia novamente com as coisas que sempre desejou. Era como se houvesse perdido a perspectiva, passava dias e noites tentando se acostumar com a triste ideia de que seria apenas ele pelo resto de seus dias. Via as pessoas ao seu redor, vivendo, e por vezes sentia-se como uma massa inerte, isolado em seu mundinho sepulcral. É como se sua alegria não bastasse ao mundo, como se a sua vontade e seu desejo de vivenciar coisas simples fossem sufocados, não pela sua falta de coragem, mas pela ausência total de pessoas dispostas como ele, ou dispostas a ele. Os amigos, bem eles estavam por toda a parte, vivendo suas vidas, fazendo suas descobertas, lutando por um espaço, exatamente por aquele no qual às vezes queria fazer parte, mas se sentia tão inapropriado, ou tão obsoleto que havia desistido de pertencer. Pertencimento, talvez fosse este o sentido que lhe faltava, pertencer à algo, à algum lugar. Sentir já não era o suficiente, já não sentia mais nada fazia algum tempo, talvez a solidão em excesso e as perspectivas de que poderia ter sido feliz o iludiram tanto, que quando viu que isto não chegaria a sua realidade, se deu conta que o único sentimento à que estava preso era a tristeza. Poucas vezes se sentiu desejado, acho que nunca foi de fato amado. E isso dificultava ainda mais o processo, mas sabia que estava no caminho, em breve teria que se acostumar e aceitar que de fato seria assim: ele e apenas ele. Teria que se amar. Teria que apreender a aceitar a única companhia que lhe bastava. A sua.